A torcida colheu os frutos do apoio durante o jogo e pôde, enfim, soltar o grito entalado na garganta. No futebol nem sempre há justiça, mas ela se fez presente no Maracanã nesta quarta-feira. Venceu quem mais merecia. A explosão do gol lavou a alma de cerca de 51 mil tricolores, que apoiaram de forma ininterrupta.
Nenhum torcedor vai ao estádio esperando decepção. Mas talvez apenas os mais otimistas torcedores tenham antecipado a noite que tiveram durante o jogo entre Fluminense e Palmeiras. O jogo já estava emocionante devido ao retorno de Thiago Silva e Arias ao Maracanã. A vitória por 1-0, no entanto, indicou um possível ponto de virada para a temporada – tanto em campo quanto nas arquibancadas – uma verdadeira purificação do espírito. Começando pelo início: a escalação. O técnico Mano Menezes repetiu o time que triunfou sobre o Cuiabá, elevando o Fluminense para o segundo lugar no Brasileirão. Anteriormente, a única outra vitória tinha sido contra o Vasco em um clássico de terceira rodada. Marcelo, que havia ficado de fora por quatro jogos devido a dores musculares, foi escalado no banco, com Diogo Barbosa ocupando seu lugar. O Fluminense ameaçou o gol de Weverton logo no primeiro minuto, cerca de 45 segundos após o início do jogo. Cano cruzou para o segundo poste onde Arias, sem marcação, mirou o gol, mas o goleiro do Palmeiras fez a defesa. As arquibancadas, já vibrantes de anticipação à medida que as equipes entravam em campo, explodiram ainda mais.
Antes dos dez minutos, Marquinhos desperdiçou duas oportunidades claras, do tipo que poderiam assombrar se o resultado não favorecesse o Fluminense—uma delas depois de um passe excelente de Thiago Silva. Apesar de estar longe de sua melhor forma, Marquinhos teve uma noite de tomadas de decisão ruins. Ele trocou de lado com Arias antes do intervalo, permitindo que o colombiano brilhasse na ala direita, mas Marquinhos não foi capaz de replicar essa melhora de desempenho. A narrativa do jogo começou a mudar no segundo tempo, quando Mano escolheu vestir a camisa número 77. O Fluminense começou o segundo tempo com mais intensidade, aproveitando seu jogo vertical, mas o Palmeiras conseguiu equilibrar o jogo antes do intervalo que encerrou de forma controversa. O lado tricolor mostrou espaço para melhora. As mudanças começaram com a substituição de Marquinhos pelo estreante Kevin Serna, que enfrentava a tarefa difícil de provar seu valor diante de um Maracanã lotado. Inicialmente, ele se tornou um alvo fácil para o Palmeiras, que concentrou seus ataques em seu lado. Foi aqui que o acúmulo tático de Mano Menezes brilhou. No minuto 68, ele substituiu Ganso e Martinelli, que estavam lentos e excessivamente dependentes de passes laterais quando mais urgência era necessária. Marcelo assumiu o papel de camisa 10, e Nonato substituiu Martinelli.
Neste momento, o Fluminense começou a encontrar seu equilíbrio – uma frase que Mano usava para discutir mudanças conceituais durante a crise. Em vez de posicionar Marcelo na lateral, o treinador o colocou no meio-campo. Ao lado de Nonato, Marcelo acelerou o jogo de transição do Fluminense, alterando a dinâmica da partida. Essa mudança de posicionamento não é necessariamente permanente, mas Marcelo demonstrou que é uma opção viável. Um ponto para ele. Vamos falar sobre Kevin Serna. Vestindo a camisa número 90 anteriormente usada por Douglas Costa, que deixou o Fluminense, o peruano naturalizado mostrou seu desejo de causar impacto. Ao se mover mais centralmente, sua performance melhorou, culminando em uma corrida reminiscente da de Maicon Bolt contra o Palmeiras em 2009. O resultado foi o mesmo: um gol para o Fluminense. Desta vez, foi Arias quem encontrou o fundo das redes, não Fred. Com este gol no Maracanã, o colombiano garantiu seu lugar como artilheiro do Fluminense em 2024, com sete gols. Ele conquistou todos os aplausos dos torcedores, que sentiram muita falta dele durante a Copa América.
É desafiador evitar vincular a análise aos resultados. No entanto, mesmo que o placar tivesse permanecido 0-0, a performance do Fluminense ainda mereceria ser celebrada. Desde a jogada magistral da dupla Thiago, Silva e Santos, até o impacto revitalizante das substituições, o Tricolor deixa o campo com evidências de que um ressurgimento no Campeonato Brasileiro é plausível, possível e talvez provável. Alguns jogos atrás, a ideia de duas vitórias consecutivas para o Fluminense parecia algo inatingível. Hoje, é uma realidade que emocionou até os jogadores mais experientes, como Thiago Silva, que estava visivelmente emocionado após o gol de Arias. A jornada é longa, e o clube permanece em segundo lugar no Brasileirão. Mas a cada dia que passa, o Fluminense parece um pouco menos estagnado. Eles já estão quase lá. O Fluminense volta ao campo no domingo, às 11h, para enfrentar o Bragantino fora de casa. Esta partida faz parte da 20ª rodada do Campeonato Brasileiro.